Quero-quero

 


                                                           quero-quero

A saudade apertou
então eu vou indo agora
senão o meu coração
me deixa e voa pra fora.

Quero abrir a janela
de manhã ou qualquer hora,
ver o vento arreliando
pés de manga e carambola.

Eu quero o cheiro da terra
molhada, e ver na flora
os raios serrando a serra
e o trovão brabo lá fora.

Salta rã e comemora!

Quero sol secando o barro
e colorindo a aurora,
suco de fruta no jarro,
manga, pitanga e amora.

Quero ver o invernão
e as tres festas juninas,
Santo Antônio, Pedro, João
e goiabada de Minas!

Quero ver a criançada
em meio ao reboliço
da dança refestelada,
e do casório postiço.

Quero o galo garnizé
de manhã nos acordando
e o aroma do café
da cozinha, me chamando.

Quero matar a saudade
dos passarinhos queridos
voando em liberdade,
para cumprir seus sentidos.

Vou voltando pras campinas
pra ver as minhas meninas,
ja sei decór o  caminho:

livre feito passarinho.

Quero-quero, Bem-te-ví
arco-íris, paz e amor,
pintassilgo, paturí,
canário e Beija-flor.

Sinto falta desses campos,
de plantação de mamão,
da dança dos pirilampos
estrelando a escuridão.

A saudade acabou
porque eu cheguei agora.
É que o meu coração
não gostou desta demora...

cláudia pacce