O risco terroso desenha a montanha, afina e se curva pra dentro de mim.
Mourão, arado, enxó, enxadão. A estrada que leva a gente de volta;
o Zé guiando a charrete, cavalo alazão de brilhoso suor.
Não
se vê, mas se escuta... longíngüo, o apito dum trem. Sinal de
cautela, cancela abaixada, espera-um-pouco-já-vaaaaiiiiiiiii...
Há
tempos ou mais, não atinava voltar, não pra ver a mãe só querendo
dormir. A mesma mangueira acolhe a sombrar, agora
copada até quase o chão. Capim rosa chá ondulando a memória
demais: eu no galho mais alto possível, desafiando
a queda e a lei. Lá em baixo os conselhos da mãe
"olha
o tombo! a dor de barriga! manga verde faz muito mal." Tinha
ela a razão, tinha eu aventura nas veias, narinas entregues aos
cheiros que nunca mais... As mangas daqui sabem insosas, esteticamente
bitelas, belas dosagens de pura agrotoxicação.
Quantos
cuidados de minha então jovem mãe!
Mas
hoje é tristeza que dói porque dói.
Recosto no tronco, no frio o sol, rebrilhando, espicho-preguiça intentando esquecer. Quem sabe nesses
entretantos o tempo inventa que volto só por voltar, revisitando a
infância em amparos demais.
Lembrar
colo quentin de avó Maristória:
"
vó, que bicho que é esse aí bem no chão ?"
"Hmm...é
um belo dum sapo! à
noite lhe conto
a
história do príncipe que virou sapo!"
Mas à noite contava a
do sapo que virou príncipe!
Com ela aprendi a não
rejeitar a inspiração. Só de encostar a cabeça em seus fartos
seios, meus temores medosos viravam travesseirões.
Maria, quitanda de amor,
mexendo panelas de ferro; fubá, cambuquira em verde fervor. Agora é
outra hora, é medo do desconhecido, ficar sem vó Maria
Mineira, sem mãe, sem pai sem a irmã, acabou, não tem mais?
Vai mana, pergunta pra vó como é que ela vê esse lado de lá...
A
estrada terrosa se curva solene, aos índios, escravos, imigrantes,
cavalos, carroças, caboclos como na prosa do Rosa, o Guimarães das
Gerais.
Cadê
a estação e seus trens pitando fumaças, fagulhas furando os
guarda-pós? Mexericas lotando jacás ? Quem vai comprar? Tem futrico pra troca?
Onde, as cautelas de espera-um-pouco-já-vaaiii ?
Ah
vida...é a morte esse trem sem cancelas ?
Claudia
pacce
saudade tbm dos meus avos!!
ReplyDeleteDiz a minha mae q ela corria da surra q minha vo ia dar nela subida numa arvore de membrillo...q e uma fruta aqui do Uruguay quase igual q a goiaba.hahaha....eu tbm corria pros braços da minha avo quando tinha medo...e sobre panelas de ferro nunca a vi cozinhar...mas ela conta um monte desse tempo....
Bjss
tb fugia pra cima de uma mangueira, e via minha mãe balançando a cinta na mão! Mad minha avó era minha rainha. Bjs Lu!
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