Isabelita, a mulher da ponte
A a rua de Sousas, que vai até a ponte sobre o rio Atibaia, chama-se Isabelita Vieira. Foi o amigo Jimmy Bresler (saudade!) que deu a dica: liga pra Dora Vieira Bressler que ela te conta. Ela me recebeu e foi uma delícia, ouvi-la contar a história da qual foi testemunha, ocular e afetiva, de dona Isabelita, sua mãe.
Durante a
revolução de 32, as pontes ferroviária e rodoviária de Sousas
foram
derrubadas.
Estratégia para evitar a passagem do exército mineiro.
O ramal férreo
começava na Estação da Paulista e ia até a beira do rio Atibaia.
Sem a ponte, ali tomava-se um barco até a outra margem aonde
recomeçavam os trilhos seguindo até a fazenda de Cabras, pra lá de
Joaquim Egydio. Havia um desvio entre Sousas e Joaquim, chamado
parada “Chave quedas”, utilizado durante a safra de café e
algodão. Sem esta ponte, não havia como transportar a carga até a
estação na avenida Andrade Neves. Também sem a ponte rodoviária,
a região passou a ter enormes problemas.
Isabelita Barbosa de
Oliveira Vieira, nasceu em 1887 e cresceu em Amparo, fazenda Morro
Alto. Casou-se com o engenheiro/arquiteto da cia. Mogiana, Euclydes
Vieira, vindo morar na fazenda Palmeiras, entre Sousas e Joaquim
Egydio, e tiveram sete filhos. Apesar de ter sido criada como sinhá,
sabia trinchar um porco muito bem e separar a gordura. Era dentro
dessa banha que se conservavam as carnes, já que geladeira, por
aqui, ainda não existia. Também dava aulas de francês, poesia e
pintura. Era contratada pra desenhar cardápios de festas importantes
e escrevia o menu em forma de versos. Assim somava com o marido na
manutenção da família, nos difíceis tempos pós revolução. A
artista plástica Sra. Sônia Rocha Brito Gerin, foi sua aluna.
Quando os americanos começaram a surgir em Campinas, ela, quase sem
entender a língua inglesa, ensinava-lhes nossa língua, através de
canções, gestos, pessoas e coisas. Mas voltando ao assunto da
derrubada das pontes souzenses.
O pai de Isabelita
foi prefeito de Campinas, mas na época era vereador pelo Partido
Republicano Paulista, enquanto que o governador Armando Salles de
Oliveira, era do Partido Democrático. Mesmo sendo filha dum político
da oposição, aos 48 anos de idade, organizou o movimento e como
líder, foi até o governador do estado, reivindicar a reconstrução
das pontes. E conseguiu ! Desde então, essa valorosa, corajosa e
incrível mulher ficou sendo muito amada pelo povo souzense, que a
chamava de “a mulher da ponte.”
claudia pacce
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