O Sofá xadrez
Bruno Barracano, meu amigo italiano conta que em Nápoles, anos 30,
três operários cansados da miséria resolveram assaltar o patrão,
já que ele atrasava salários, além do que era agiota.
Quando o empresário viajou, eles pegaram um dos caminhões
na loja onde trabalhavam e dentro dele puseram um
grande sofá xadrez.
Depois contrataram um anão que era primo de um deles e
cabia dentro do sofá.
Chegando na mansão do patrão, foram atendidos pelo
mordomo. Identifi caram-se como carregadores da loja, tinham
um sofá pra entregar.
O mordomo disse que signore Mastrontti estava viajando e
não o avisara sobre tal entrega.
Os três deram um espetáculo à napolitana: que só sairiam
dali depois de cumprir a tarefa, já era quase noite e, se fossem
impedidos, largariam o sofá na calçada, pronto!
O mordomo, temendo escândalos, concordou, talvez la
signora não avisara o marido sobre a chegada daquele móvel
medonho. Vá benne, que entre o sofá!
Na calada da noite, o anão saiu de dentro do sofá, catou
jóias, obras de arte cabíveis, dinheiro e voltou pro seu xadrez
esconderijo.
Manhã seguinte, retorna o caminhão à mansão dos Mastrontti.
Pedem desculpas ao mordomo, que o sofá era pra ser entregue
na casa de um tal senhor Mastrolli, que os sobrenomes
eram parecidos, confundiram-se. E por coincidência a rua era a
mesma, mas o número não era o 111, mas o 1.111!
Como a ordem era dissipar qualquer escândalo, o mordomo
concordou em que levassem aquela coisa dali, ma presto, via!
Os carregadores foram-se com o sofá, largaram o caminhão
esquinas depois e dividiram a coleta em quatro partes iguais.
Foram viver na Sicília, onde montaram uma fábrica de sofás
para estaturas especiais...
cláudia pacce (do livro "O desenho e outros cenários")
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